A biblioteca da FCNAUP dispõe de um novo recurso online "Nutrition Chill Out". O principal objetivo do "Nutrition Chill Out" é promover a leitura (descontraída) das obras existentes na nossa biblioteca a partir da seleção de alguns excertos pertinentes para um dado tema da atualidade ou para assinalar datas de interesse.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

A (R)Evolução do Pão | Abril 2024

 

(Fonte da Imagem: Pixabay)

A Biblioteca da FCNAUP junta-se às comemorações dos 50 anos do 25 de abril, através do convite à leitura descontraída de alguns textos dedicados à origem e à (r)evolução do pão, sublinhando-se a sua importância social e cultural na História da Humanidade.

O termo “Revolução” do latim revolutione-, com origem no étimo revolutio, com o significado “dar voltas”, “girar” ou “volver”, aplicado originalmente à rotação dos astros, evolui para o sentido de “mudança” ou “ruptura”, nomeadamente na Revolução Francesa, século XVIII, assumindo, nos tempos modernos, o significado de “alteração disruptiva”, na esfera social, cultural ou política.

O pão, um alimento com raízes milenárias, tem experienciado mudanças e (r)evoluções não só na produção e no consumo, mas, sobretudo, na sua valorização pelo Homem: pão-alimento, pão-partilha, pão-moeda, pão-sagrado… são apenas alguns dos papéis atribuídos ao pão, ao longo da sua narrativa histórica.

O pão é um dos primeiros alimentos processados pelo Homem. Originalmente, produzido com farinha, água e sal, o pão, é considerado um “invento de sucesso” (nas palavras do Doutor Emílio Peres), resultante de um processo de amassadura, fermentação e cozedura, a “várias mãos”. Assumindo-se como um dos alimentos mais populares no mundo e património gastronómico em algumas culturas, reconhecem-se como principais benefícios do pão: o equilíbrio do perfil nutricional do pão quando comparado com os seus (fracos) substitutos (bolachas, bolos, pastéis, cereais embalados …), o acesso e a disponibilidade generalizados às populações, a variedade de ingredientes e a versatilidade de fabrico e consumo, adaptável a todos os gostos e feitios.

Do pão achatado e duro ao pão de casca crocante e miolo areado, dos fornos de lenha aos fornos industriais e ao ressurgimento do fabrico do “pão artesanal”, com ingredientes locais e regionais de qualidade, de alimento básico presente na alimentação diária a “vilão” nas “dietas de emagrecimento” (ou de “desperdício”), a longevidade do pão demonstra a sua capacidade de adaptação à evolução dos tempos, bem como a sua importância social e cultural na História da Humanidade. Da mesma forma, a aplicação de políticas públicas para regular o teor de sal no pão ou a atribuição de selos de excelência para premiar o fabrico de pão com “Menos sal, mesmo sabor” contribuem para salientar a importância social do pão, bem como o impacto na saúde das populações.
 
"não há neste mundo um pedaço de pão que não tenha sido amassado também pela religião, pela política e pela técnica". (H.E. Jacob, Seis mil anos de pão)
 
A origem e a evolução do pão está recheada de mitos e rituais, sagrados ou profanos, nos quais o pão é objeto de personificações repletas de simbolismos religiosos, ideológicos ou políticos. Note-se a utilização do pão como símbolo de poder religioso ou político pelos Egípcios, Gregos, Romanos ou Judeus. Da mesma forma, a revolta pelo “pão igualitário”, em situações de escassez e fome, está bem documentada na história das Civilizações, desde a Revolução Francesa à 1.ª Guerra Mundial. Sublinha-se a representação do pão como personagem principal em movimentos sociais e políticos significativos, desde a saudação generalizada “le pain se lève” que antecede a Tomada da Bastilha, em 1789, passando pelo célebre protesto feminino “Pão e Paz”, na Rússia, de 1917, até à luta pela liberdade na Revolução dos Cravos, de Abril de 1974, em Portugal, persistente na lírica musical homónima “paz, pão, habitação, saúde e educação”. Acresce que o direito de acesso ao pão, como alimento básico, está implícito no direito à alimentação, plasmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Nações Unidas, e ainda hoje se celebra o Dia Mundial do Pão no dia 16 de outubro. Não podemos deixar de salientar que a espiga do trigo, um dos cereais presentes no fabrico do pão desde sempre, é o símbolo da nossa faculdade, cuja origem remonta a 1976.
 
Sinónimo de sustento, metáfora de vida, sinal de partilha e união, símbolo de poder, o pão é também utilizado como forma de expressar a cultura e a identidade de um povo nas Artes & Letras. Sugere-se, a título de “degustação”, o célebre poema de Pablo Neruda: “Ode ao pão”, declamado por Mário Viegas.

Sugestões de leitura

                       O paradoxo do pão (2023) (Disponível online) 

Impact of salt reduction on bread on sensory preference and physicochemical parameters (2021) (Disponível online)

Melhor grão, melhor pão (2018) (Disponível online

Modernist bread : the art and science of cooking (2017) (Disponível na Biblioteca) 

O pão, o comer e o saber comer para melhor viver (2004) (Disponível na Biblioteca) 

Seis mil anos de pão (2003). (Disponível na Biblioteca)

     

Obras Literárias ou Ensaios (sugestões de leitura no âmbito dos 50 anos do 25 de abril)


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